Devaneios pós-laborais

A felicidade é uma coisa bastante relativa. Creio que uma pessoa pode dizer que está feliz se estiver plenamenente realizada em todas as vertentes da sua vida. Eu hoje até nem estou particularmente deprimido, mas nos ultimos tempos tenho vindo a constatar para mim mesmo uma dura realidade que me é impossivel escamotear. Há um grande vazio na minha vida, um enorme buraco negro, que me suga os pensamentos e a moral de maneira quase tóxica. Bem posso repetir para mim mesmo mil vezes que estou bem aqui, que ganho bom dinheiro, etc, etc, etc, mas a ausência de uma mulher na minha vida é um duro golpe para a minha auto-estima. Pode ser um paradoxo, aquilo que eu vou escrever agora, mas em boa verdade eu não sinto falta de ter uma mulher. O facto de todas as relações que tive terem acabado mal para os meus lados, criou-me anticorpos contra o sexo feminino, de tal maneira que cavou um fosso entre mim e as mulheres, fosso esse que se materializa numa total descrença em arranjar uma e numa total falta de vontade em lutar por uma. Por outro lado, eu gosto delas, algumas em particular tanto que até dói quando penso nelas, mas o efeito sugador do buraco negro inculca-me a descrença e o sentimento geral do Para quê esforçar-me se já sei qual vai ser o resultado?
Estes paradoxos têm vindo a acentuar-se ultimamente por causa de uma espanholita que trabalha comigo, de nome Rebecca, que me tem feito interrogar sobre esta minha letargia, esta minha descrença com o sexo feminino. Se por um lado ela me atrai bastante, por outro há a ideia constante no meu pensamento, que não vale a pena esforçar-me pois tal como as outras vezes, vou acabar sozinho e ainda mais ressentido. A verdade nua e crua, no entanto é outra. È que a quero toda só para mim.