Retalhos da vida moderna

Ontem foi um daqueles dias pra esquecer. Estava eu a sair do trabalho a bufar por todos os lados de tão farto que estava, quando me deparo que o meu carro não estava no sitio onde o deixei, aliás não estava em nenhuma sitio. Sabem aquela sensação da terra fugir-nos de debaixo dos pés? Foi mais ou menos isso que me sucedeu. Espavorido entro no hotel e telefono para a Policia. Do outro lado da linha vão-me mandando para outros numeros, sem me informarem onde estava o carro. Por esta altura o meu nivel de irritação estava já nos cem por cento. Lá me acalmei um bocado e consegui pela internet saber onde estava o carro. Pedi um táxi e dirigi-me ao depósito na Praça Colon. À minha frente uma mulher barafustava com a senhora do Guichê, pela mesma razão que eu. Dirigi-me ao segurança, que me pediu a matricula. Tirei os documentos do carro e regressei á Senhora do Guichet. Esta pergunta-me em que nome está o carro. O carro está no nome do meu pai. Então necessita de uma autorização assinada. Ao ouvir estas palavras passei-me da marmita e começo a vociferar contra a Senhora do Guichê. A pobre senhora começa-se a enervar também e o Segurança levanta-se para vêr o que passa. Depois de muito gritar, engulo a raiva que tenho dentro de mim e vou-me embora fulo da vida. Enquanto subo as escadas do maldito sitio, mando um Caralho Fodasse Merda que me veio das entranhas. Apanho um táxi nos semáforos e faço a viagem em silêncio completamente esvaido de qualquer auto-estima.
Chego a casa e deito-me na cama exausto e com vontade de apagar este dia da minha existência.