Ké Frô?
Há mitos que foram feitos para serem quebrados e o mito de que eu tenho cara de marroquino tem sofrido duros revés na minha curta estadia em Espanha.
Logo no primeiro dia dirigi-me ao SEF cá do sitio para me legalizar. Fui para a fila como um bom emigrante e fiquei atrás de todos os pretos, árabes, sul americanos e asiáticos que me precediam na longa fila até é entrada. A coisa andou depressa até que chegou a minha vez de ser atendido pela espanhola nojenta. Pediu-me o BI os dois papeis e o dedo para besuntar naquela coisa preta que serve para as impressões digitais e mandou-me assinar um papel em dois sitios. Depois disto chamou um gajo que me disse para o acompanhar. "Isto de ser da União Europeia tem as suas vantagens", pensei eu ingenuamente. Entrei num elevador e fui conduzido para uma sala onde estavam uns funcionários mal encarados e uma preta sentada numa cadeira com um saco de compras em cima do colo. De repente apercebi-me. Os porcos dos espanhois desconfiaram que eu fosse um ilegal. Nervoso tentei explicar-lhes que era português, que ia começar a trabalhar no dia seguinte, blá, blá, blá... O mais mal encarado disse-me que o BI não era válido, que faltavam as márcas de água e a fotografia parecia ter sido colada. Eu insisti que não podia ser, que só se o meu governo não soubesse fazer BI's é que isso seria possivel. A maior parte deles acreditou em mim, mas o chefão continuou desconfiado e mandou analisar a impressão a ver se coincidia com a minha.
Enquanto esperava, conversei com o mais simpático sobre a condução dos portugueses. O Animal dizia que os Tugas eram doidos a conduzir, ao que eu repliquei que os Espanhóis não ficavam nada atrás de nós nesse aspecto...
Finalmente o chefe lá se convenceu com a análise da " huella " e mandou-me embora avisando-me que com aquele BI não me podia legalizar convenientemente. Agarrei no BI e fui-me a desejar que fossem todos arder na puta do inferno.
Outra situação houve que me consciencializou sobre a minha conmarroquinidade. À entrada do metro uma velha árabe começa a falar comigo lá na algarviada deles ao que eu lhe respondo em bom português, que não percebi nada do que ela disse. A velha não vai de modas e passa mesmo atrás de mim sem pagar bilhete. Já na estação a velha chega ao pé de mim e diz-me " Perdona-me, es que pensaba que eras Marroqui.". Pois a verdade é que não sou velha d'um caralho